segunda-feira, 19 de maio de 2014

A MENINA DA CHUVA dá poesia ao aparentemente irrisório; flagra o barulho da chuva, o canto dos currupiões, a luz dos vagalumes, o branco dos cabelos, os azuis do mundo,os cânticos de todas as saudades para celebrar a fugacidade do circunstancial e o eterno visitado pela memória. Obrigada, Bruno Paulino, pelo livro inteiro, mas, sobretudo, pelas: “Minha pequena Alice” e “Cidade Antiga”. Como você, “sonho com o dia em que todas as coisas do mundo serão azuis”. Abraço.



Aíla Sampaio é escritora.

domingo, 18 de maio de 2014

Meu caro Bruno;
Recebi ontem, e devorei "de uma sentada", como dizia o meu avô Nicodemos Araújo, o seu excelente livro de crônicas "A Menina da Chuva". Literatura ática, escorreita, com um toque de classicismo atemporal, que lhe garante, sem favor algum, um lugar de destaque na Literatura Cearense. Parabéns, e que você continue produzindo e nos brindando com outras obras de igual ou superior quilate. Abraço amigo do Dimas Carvalho.


Dimas Carvalho é escritor.


quarta-feira, 16 de abril de 2014

Uma rolinha caldo de feijão

No domingo passado, caiu da árvore que faz sombra frente a minha casa uma rolinha caldo de feijão, com a asa toda machucada, e eu me fiz menino outra vez, fiquei dando arroz na esperança de que ela encontre-se o caminho do céu novamente. 

Alice, minha sobrinha pequena, disse que ela é um passarinho, e por isso é lógico que ela logo vai voar. Pois é isso que fazem os passarinhos. Não consigo discordar da Alice, e nem tampouco da minha ingenuidade de menino.


por Bruno Paulino.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Maquiavelices de Patrícia Galvão (Nilto Maciel)


Convidei Patrícia Galvão a ler comigo dois impressos recentemente chegados à minha mesa. Não direi aos leitores tratar-se da célebre Pagu. Seria mentir descaradamente. A de meu convívio nasceu em 1996 e mora em Fortaleza. Não sou dado a regressos no tempo nem pratico o espiritismo. Além disso, tenho verdadeiro pavor de me encontrar com personagens como Calígula, Lucrécia Bórgia ou Adolf Hitler. Os opúsculos aos quais me refiro sãoA menina da chuva (Fortaleza: Premius, 2013), do cearense Bruno Paulino, e Entre-textos (Porto Alegre: Vidráguas, 2013), do carioca Luiz Otávio Oliani.

        Faz pouco tempo, comentei o primeiro livro de Bruno Paulino. Gostei aqui, desgostei ali; entusiasmei-me com isso, enfezei-me com aquilo. É sempre assim, se não estamos diante de Fernando Pessoa, Kafka ou Machado de Assis. Patrícia não é de só ouvir, caladinha, feito aluna bem comportada: “E agora, com ‘a menina da chuva’, qual a sua visão do escritor?” Tentei brincar, mas logo desisti: “Vejo, longe, garotinha toda ensopada, a chorar, encolhidinha. E o malvado cronista a rir de sua invenção macabra”. Ela não sorriu e deve ter me chamado de idiota.

Voltei à seriedade de sempre: Embora não veja diferenças essenciais entre crônica e conto, percebi em A menina da chuva vontade em Bruno de se aproximar de certo modelo de relato curto: introspectivo, sem deixar de se referir a fatos, ações, movimentos dos seres, como se vê na primeira estória. Vejamos este trecho: ‘Sentado na cadeira de balanço, no alpendre da casa-grande, o velho observa o sol despertando na campina, depois de uma longa noite de chuva’. Ainda há resquícios de crônica: a descrição e a narração do visto e ouvido. Nesse aspecto, ainda se pode ver, com certa clareza, a diferença entre os dois gêneros. Como neste segmento: ‘Vi uma senhora de cabelos brancos num supermercado outro dia fazendo compras (ela comprava xampu). No meio de jovens, crianças e velhos que também estavam no recinto fazendo compras’. Neste, o demiurgo revela o próprio ato de olhar ou de ver, característico da crônica. Se fosse ficção, o revelador do enredo simplesmente teria escrito: ‘Uma senhora de cabelos brancos fazia compras num supermercado’.

A estudante se mostrou exigente: “O conto é mais enxuto ou sintético, sendo a crônica menos acanhada? Não há incongruência nisso? Pois a crônica quase nunca se estende como a narrativa ficcional em seus vários formatos, à exceção dos mais minúsculos”. Rendi-me aos seus argumentos: “Então sejamos menos polêmicos: a segunda obra de Bruno está entre a crônica e o conto”. Patrícia me espicaçou, outra vez: “Ele tende a evoluir da mera dissertação de caráter pessoal até alcançar a fórmula da trama?” Tentei ser menos obscuro: “Não posso fazer referência a evolução; talvez deva pensar apenas em passagem, no sentido de movimento, dar outros passos, saltar o córrego, o riacho, decidir-se pela visão próxima da opinião. Ou deixar a opinião de lado e se dedicar a narrar e descrever. Ou preferir contar a reproduzir as formas dos corpos, as silhuetas, as tintas. Ou expor os traços físicos ou mentais dentro da exposição objetiva ou subjetiva dos fatos, movimentos, ações: ‘Contemplou o céu azul e viu pássaros em voo lento, quase preguiçoso’. Patrícia pareceu ter gostado da citação: “De quem é isto?” Fui inconvincente: “Não sei, quiçá de algum versejador esquecido”.

Larguei o livrinho de capa azul de Bruno e agarrei o Entre-textos. E não perdi tempo com lengalenga: “Oliani é poeta de pura linhagem, se ainda se pode falar em pureza, depois da devastação causada por esta palavra no discurso humano. Sua linguagem nos remonta aos artífices da palavra. E ele sabe bem disso: ‘Toda linguagem / é selva / a ser devastada // toda linguagem / é terra / a ser adubada // toda linguagem é pedra/ a ser limada’. A jovem, de novo, mostrou personalidade: “Ele usa alguns vocábulos evitáveis, sobretudo nestes tempos de preservação da natureza (‘selva a ser devastada’). Quem sabe ficasse melhor: ‘selva a ser visitada’.

Não lhe dei ouvidos: “Visível, do mesmo modo, é sua leitura da poesia contemporânea brasileira, não exatamente os medalhões (existem medalhões na poesia brasileira de hoje?). Você conhece alguns?” Ela se mostrou sincera: “Não muito notáveis assim. Poderia chamar de bardos renomados ou de fino lavor, como se dizia antigamente”. Brinquei: “E quem é você para se lembrar de antigamente?” Ela entendeu a brincadeira e eu me senti disposto a me estender no assunto: “Alguns deles são muito conhecidos no nosso meio e chegam a ser quase celebridades: Antonio Carlos Secchin, Astrid Cabral, Ferreira Gullar, Olga Savary, Pedro Lyra, Raquel Naveira, Tanussi Cardoso, se quisermos citar somente sete nomes”. Ela quis outras informações: “Trata-se de antologia pessoal de Oliani? Ou de seleta de cantos de diversos literatos brasileiros de hoje?” Não expliquei: “Deixemos isso por conta e risco dos comentaristas menos apressados. Isto aqui não vai além de menção à publicação, simples registro”. Ela não se rendeu ao meu raciocínio: “O que é este livro então?” Precisei pensar em objetividade: “Como explica Pedro Lyra, o menestrel Oliani simplesmente procurou composições de outros autores e realizou associação de ideias com as de sua lavra”.

Dirigi-me até a porta da sala, a fim de me orientar melhor. E ouvi certo sussurro maquiavélico: “Oliani é bom poeta?” Não titubeei: “Ora se é. Nem precisa perguntar”. Ela me incomodou novamente: “E os outros?” Voltei ao assento, disposto a ser bravo até o fim: “São igualmente vates inspirados ou talentosos. Pelo menos, os poemas reunidos no volume são merecedores de adjetivos pomposos. Antológico é um deles, embora muito desgastado. Tudo virou antológico”.

Fortaleza, fevereiro e abril de 2014.




por Nilto Maciel.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

O rio e o alumbramento

Manuel Bandeira relata que teve seu primeiro alumbramento ao ver um uma moça nuinha num banho. Creio que o meu primeiro alumbramento, ainda menino, foi menos erótico, mas, no entanto, igualmente lírico. Deu-se na travessia de um rio. Enquanto segurava a mão de minha mãe, e, de repente vislumbrei os meus pés na água límpida da correnteza que corria fraquinha naquele dia.
Vez em quando tenho ainda hoje a sensação que estou ali, parado, o coração batendo velozmente, com minha mãe dizendo: “acorda pra vida, menino!”.

Por Bruno Paulino

terça-feira, 8 de abril de 2014

Ao Poeta Bruno

Poeta Bruno, os seus alumbramentos de simplicidade têm cheiro de literatura e de escansão melódica refinada. Banhei-me de linguagem gostosa lendo A Menina da Chuva, que é rio de espuma e de neblina no qual a alma da gente se enleva. Poesia diáfana e envolvente. Prosa leve e de expressão coloquial. Prosa que nos mata de forma prazerosa a cada momento da leitura. 

Por Dimas Macedo, Poeta Membro da Academia Cearense de Letras.


domingo, 30 de março de 2014

Correio do Leitor:

Bruno li seu livro e gostei muito! Gostei principalmente do seu humor inteligente. Mas uma "partezinha" em especial, ADOREI! Quando você falou de sua avó! Pois eu a conheci, tive a graça de ouvir suas histórias e até fizemos uma aventura uma vez, quando ainda morava em Canafístula, e ela nos levou para uma cantoria. Acho que era até um "parente" seu que cantava... Detalhe: a viola do homem só tinha uma corda! Mesmo assim foi uma noite divertidíssima! Um abraço. Espero ler muitas outras obras suas

por Meuba Almeida Lorezo